Diante das reações adversas apresentadas por animais vacinados e notificadas à Coordenadoria de Controle de Doenças, a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo decidiu nesta quinta-feira (19) suspender a campanha de vacinação antirrábica de cães e gatos. O anúncio foi feito pela secretária-adjunta da pasta, Clélia Aranda, na sede da secretaria, na Avenida Dr. Arnaldo, na região da Avenida Paulista.
Na capital e em Guarulhos, foram registrados sete casos de choque anafilático, a reação mais grave, em animais vacinados, dos quais seis morreram, sendo quatro gatos e dois cães. Em São Paulo, mais de 121 mil animais já foram imunizados. Entre os dias 16 e 17, foram notificados 567 casos de reações adversas, sendo que 38% foram eventos considerados graves pela secretaria, como prostração, anorexia, dificuldade respiratória, convulsões e hemorragias.
Em Guarulhos, cuja campanha foi suspensa já na semana passada, houve 40 reações adversas, entre 9 e 13 de agosto. No total, mais 42 mil animais foram vacinados. No interior, foram registrados quatro óbitos, mas os dados ainda são incipientes. A nova vacina antirrábica foi adotada pelo Ministério da Saúde neste ano e começou a ser distribuída aos estados no início deste semestre.
Apesar disso, para a secretária-adjunta, ainda não é possível associar as reações adversas com a aplicação da nova vacina. "Decidimos suspender a campanha de vacinação porque pretendemos fazer uma investigação mais aprofundada, para saber se os óbitos têm a ver com as vacinas. Não podemos falar ainda em substituição da vacina", afirmou Aranda.
Segundo a secretária-adjunta, nos anos anteriores não houve tantos casos relacionados à vacinação antirrábica notificados. "Por isso, decidimos suspender a campanha por precaução, mas precisamos descartar primeiro outras possibilidades. O choque anafilático pode acontecer, mas queremos saber se os eventos são proporcionais", disse.
Clélia Aranda afirmou ainda que a nova vacina é um produto licenciado no país desde 2003. "A formulação dela é produzida com uma tecnologia diferente, "uma tecnologia mais apurada". Segundo ela, desde 1998 não são registrados casos de raiva transmitida por cães no estado. "A nossa preocupação atual é com a raiva transmitida por morcego", disse.
A maior parte das reações tem sido observada em gatos e em cães de pequeno porte (até 6,5 kg de peso). Em São Paulo, 85,3% das reações adversas foram em gatos vacinados nos dias 16 e 17.
A gerente de vendas Marli Aparecido Alvarez, de 46 anos, relatou ao G1 que solicitou a ida de um agente do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) até a sua residência, em Artur Alvim, na Zona Leste da capital, para vacinar nove gatos, sendo três dela e seis da mãe dela, que mora ao lado.
"Quando cheguei em casa à noite (de quarta-feira), notei que os três estavam parados, mas pensei que fosse por causa do frio. Depois percebi que eles estavam com os olhos vidrados. Liguei para o pessoal do CCZ e eles confirmaram que a vacina estava dando problema", contou Marli.
Segundo ela, os agentes do CCZ recomendaram a ela que desse "gotinhas de dipirona" para os animais. Nesta quinta-feira, um veterinário do CCZ retornou à casa dela e aplicou uma injeção de corticóide no gato mais velho, de 15 anos. "Nos outros dois, não foi possível porque são mais novos. Chorei a noite toda de tanta preocupação", disse, ainda angustiada com o estado de saúde de seus bichos de estimação.
Fonte: G1
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